sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Poema do amanhã


O poema do amanhã
Nasceu no ontem
Na palavra que tomou cachaça
No suco que não prestou
No vomito à cabeceira

Nas horas não vistas
Nos olhares que se cruzaram pouco,
Na mão machucada,
No corpo, na alça, nos pés ao ar
Na tentativa de ir e não ir...

No relógio que parou
O tempo
Na formatura
Dos “desformados”
O poema do amanhã
Nasceu no ontem

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Selar a paz

Selar a paz ou a loucura? 
Assinar no corpo e na alma
Um atestado de mente insana
Daquelas que amam demais
Além vidas
Do abraço Shiva
Dos mil braços
Poucos entenderiam
Se sacrificariam
Outros tantos
Com mentes tão insanas quanto
Já é natureza
Meus pés um rio
Nadam Ao céu
Terra e Ar
Cata-ventos
Mar Amar
Insano



terça-feira, 1 de setembro de 2015

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Fuga

E o silêncio
Ensurdecedor
E a palavra não dita
E a mágoa passada
E a solidão optada
E a ventania
O sopro, o choro,
A barca
E o muro
Divide águas
O rosto
Sem gosto
Sufoco
Oco
Fuga
Carne
Osso
E mágoas
Águas
Engarrafadas
Sem tampas
Para luz
Tocar
E o fogo
Apagar
A idade a pesar
A dúvida aquietar
O pano a soltar
Há paz
Há guerrear
Equilibrar
O medo
E o desgosto
De andar

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Poema de Domingo


20h10
Nasce o nome
Chove chuva
Águas que vão
No reflexo do espelho
Tempos
Anos ou meses
Chuva memórias
Casamentos
Dias noites
Lágrimas
De alegria e dor
Quem nasce da lua
Tem outra forma de encarar o amor
Telespectador

20:13
Telespectador
Telescópio
Memórias de infância
Queria ver a lua
Queria ver estrelas
Lua cheia
Tela cheia
Engolia o olhar
Barriga cheia
Comia a lua
Para sempre
Lembrar

20:15
Lembrar
Nostálgico
Meu nome
Sépia?
Fugaz
Relampaia
A noite
Flashbacks
Espasmos
Cansaço
Lembrar
Cansa
A alma
Lama
Encosta
No travesseiro
Travessias

20:19
Travessias
Capacidade de superar
Mudar
Transformar
Jogar a lataria fora
Minerar
Alquimias
Tudo menos ferro
Ferro dói
Ouro reluz
Prata talvez
Bronze imitação do outro
Diamante
Cristais
Pedras..
Preciso é de ar
Ar que transborda

20:21
Transborda
Uma pausa para levantar
Limpar as partes
Abrir a porta
Sentar
Dialogar
Escrever quem sabe
Andar
Pausa!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Encaixoterrar*


Poesia de boca
deixa rouca
silencia
alma que grita
volumosas paredes
esquadros
outras artes
cores
nobre fantasia
Em esferas
sem esperas
traços
sem ruínas
escadas
Sem certezas
formas
sem réguas
redondas
magra
fome
sede
Caixões
enterros
mortos
levantar..
andar...

*Encaixoterrar: (criada pela autora)
encaixotar
enterrar
terra
Ar!
RespirAR


sábado, 6 de junho de 2015

OUTONOU-SE



E a alegria
Fez um voto de silêncio
Calou-se
Diante do templo
Recolheu-se
Escondeu-se
Dentro de si
Sem mais espelhos
Transformou-se
Sem interferências
Tocou-se
Acariciou
Própria face
Sentiu o sorriso
Triste
O silêncio
Profundo
Que desconhecia
Ouviu a própria voz
E ela era muda
Assumiu a surdez
Brindou o fim dos tempos
Sobrevoou invernos, infernos
Eras, ervas, perfumes, primaveras
E outros verões
Sua alma, outono.
Caiam folhas,
Máscaras,
Rosnou
Riu,
Não era alegria,
Era a beleza mais pura,
Era ela,
Sem adjetivos do nunca


Recitando

Sem ponteiros


Não sei se é a poesia que saí pela boca, ou a crítica. Se a vida é um conto ou argumento. Se tem sentido horário ou anti-horário. Se amor envelhece ou amadurece, se os hormônios influenciam em decisões, se somos maiores que o corpo, o instinto. Se somos entregas e ventania. Se a aventura é boa companhia, se a ousadia quer mesmo dizer arriscar-se. Se as palavras permanecem ou são impermeáveis, como o tempo, o relógio sem ponteiros.

  

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Sopros ei


Afinarei meu sax em alguma estação de trem
Soprarei qualquer melodia
Na corda bamba
De alguma gaveta
Treinarei notas que ainda não sei

Estacionarei em alguma escola de samba
No pandeiro me retratarei
Dos sonhos que deixei
Soprarei do sul ao norte
Escadas que passei
No pé do passista
Algum chão encontrarei

Na maré mansa
Embarquei

quinta-feira, 14 de maio de 2015

E...


Fora do lugar
Lugar incomum
Do fantástico
Ao realismo
De temperos sutis
No forno,
Vulcões

Transborda
Transfere
Excita
Turbilhões

Foco
Desfoco
Outros prazeres
E miopias

Emoções....

segunda-feira, 27 de abril de 2015

POEMA QUASE INFANTIL

Como duas crianças
Após longas férias da escola
A mesma inocência
O abraço mais sincero
O sorriso mais puro,
A felicidade plena
O reencontro.

Voltou assim, na vida adulta,
Quebrando muros, gelos, inverno.
Tomando conta, aquecendo, transformando
Primavera!

Até parece romance, conto de fadas,
Ele pergunta “tem medo?”
Eu penso “medo”?
Coisa de gente grande,
Preocupada em não sentir nada.
Eu to criança!

Avante!
Loucura ou não,
Sensato e distante da razão,
Pra que pensar,
Se o coração pulsa.

Mas confesso, a pergunta
Mexeu nas estruturas
Por um instante
Me sinto adulta
Senti o coração esfriar
Um passo atrás ficar,
Ele teria medo?
E se eu me entregar?
Criança ficar
E ele “adultecer”?
Medo!

Se a idade me permite
Envelhecer, que o tempo
Me permita reencontrar
O desejo de se aventurar
Sem pensar nos calos e feridas que possam ficar 

Se a vida é uma escola,
Eu ando cansada de estudar,
Que toque o sinal,
É recreio,
Eu quero brincar!

Medo é coisa de jogador,
Melhor nem jogar.
Se é pra perder ou ganhar,
Prefiro bons amigos,
Um carteado,

Canastra, ou truco.
Flor, vale quatro, retruco,
Em verso em prosa, a risada,
A amizade que nada cobra.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Trégua



Escrever sem ódio já foi permitido

Escrever com ódio já foi vivido

Com paixão, com amor, sem amor, sem paixão, desilusão.

Já cansei desse velho sentir

Olhar nostálgico e senil

Um brinde, logo é ano novo!

Sem mais ciscos,

Depois das gavetas,

Consigo ver

Esqueci de agradecer

O lápis e papel que tua ausência me presenteou

Sem mais dores, rancores, apenas aquele sorriso cúmplice

Você queria ajudar e ajudou,

Já posso dizer que o amor me tocou e passou

E o meu luto

Teve muito vinho tinto,

Caneta vermelha

Prometi todas vinganças

Derramei sangue em livros,

Fiz da música meu lugar de dormir,

Entrei para mar,

Virei seria,

Me esqueci de mim,

Só via conchas e dor,

Sambei o amor

Morri em cada rima,

Nenhuma alma sã

Entendeu,

Exceto eu

Já não acredito que mereças ler tal poesia

Enxergo os erros meus

E numa manhã quase cinza

A juventude imatura,

A dor que também provoquei

Te desafiei, eu sei

Super-heróis, eu vinguei

Do cinema mudo, ao teatro absurdo,

Suei, suamos e nos entregamos

Tua terra

Eu lua

Embriaguei-me de saudade

Acordei,

Nua, tua

Distante de mim,

Distante de nós,

Mas levantei,


Eu ainda era nós.