quarta-feira, 31 de maio de 2017

Nasce


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Nascia no quarto
No velho diário
Nas páginas rosas
O primeiro de criança
A caneta de cor azul
Tinha coração na ponta,
Que batia no pulso feito
Tic-Tac,

Tinha som,
Som de caneta
que toca o papel,
A dúvida era dos "s" e "c"
Aprendia escrever

E de lá pra cá,
a alma só nasceu
em cada rima,
em cada linha,
em cada conclusão,
em cada dúvida,
estranhamento.

Não importa
a cor da alma
A palavra
sempre nasce,

terça-feira, 23 de maio de 2017

De pés descalços

Eis que na calada
Da madruga
Uma voz doce
Um toque gentil
Um anjo alado
Despertou em mim
O que de bom estava guardado
Vi cair velhos cacos
Latarias e ferrugens
Vi o ferro velho
Desmoronar
E por debaixo dele
Pude ver
Só havia luz
Ao sentir
Ao amar sem pensar
Não haviam soldados
Naquela clarera
Não havia guerra
Só desejo, entregas
Sem calos
Sem cadarços amarrados
Sem cobraça, sem fiasco,
Só afeto ali inventado
De tanto "sem"
Um caloroso abraço
Nenhum cofre
Conscientemente
Compraria
A luz que ali se fazia
Nenhuma alma latente
Nenhuma sobrevida
Nehuma aguardente
Nenhum medo
Nehuma fantasia
Estragava o presente
Que acontecia
Gentil
Sem cadarços
Descia
Abria a porta
Eu subia...

De pés descalços

domingo, 21 de maio de 2017

E agora José?



E agora José?
A bateria acabou
O carregador pra fora ficou
A luz não voltou
O povo dormiu
A vela apagou
E agora José?
O tablet estragou
O note pifou
O pc o técnico levou
E agora José?
O que vai ser do face e instagram?
Twitter e Youtube?
Blog, site, linkedin..
E agora José?
Já que a maresia a tudo levou
Vou deixar ela me levar
Cadê o azul do mar que oxalá
Mandou buscar?
Se naquele rio, Ogum com Oxum
Governar
Eu ei de me instalar
Entre as pétalas e as pedras
Do fundo do Amar

sábado, 20 de maio de 2017

Beijo amarrado

E nessa louca vida
Meu caminho cruzou com teu
Num quadro bem pintado e outro devastado
Meu lábio tocou o teu
E a tempestade veio
Feito monumento
Não houve sol que vingasse
Exceto meu desejo
Amarrado ao teu
Feito cão e gato
E arame farpado
Doce ou amargo
Ah..Quem dera outro
Beijo teu

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Alívio

E na calada da noite
No silêncio da madrugada
A garganta arranhada
Pedia alívio

Um carro passa
Um luz se apaga
Outras tantas acendem
O olho fecha
A boca engasga
Ainda tem teia

Um carro passa
O peito geme
O olho chora
A coberta abafa
O calor conforta
Os sem braços

E na rua o lastro
Da saudade
Demolida
Numa feira
Não vivida
Na cena não escrita
Na fantasia que não vinga
E amanhecia

Ela mentia
E ria
Como quem pária
A pátria adormecida