segunda-feira, 20 de junho de 2016

Andorar


Tenho uma aventura
amarrada no cadarço
do meu salto alto
Pedras não suportam
o peso de mi alma
viram areia e amaciam
o andar
Pelo trilhos
voo com o trem
e levito como
o mendigo que de tudo se desfez
Pareço torta,
levo o velho rock na escuta,
toco minha gaita de boca imaginária
escrevo sobre doentes a duendes
tenho um lado escravo
um passado de luta e preguiça
tenho uma meia carteira
cartas a serem enviadas
personagens a escrever
histórias a contar e outras a criar
tenho um saco do tamanho da minha gaveta
e um cigarro de palha para não esquecer
que o campo é meu vizinho
a terra fria e seu inverno aquecido
a la lenha e chimarrão
tenho o voo da borboleta
em mãos
e desenho o mapa
de mi vida com
tinta óleo
crio cores e ventos
sou reflexo, espelhos
um balaio de fantasia
jogo pimenta
faço alquimia
saio livre
e parto do passado para o presente
com o voar das andorinhas...

domingo, 19 de junho de 2016

Escudos

Sem nome
sem trégua
sem romance
sem luz
sem amor
sem dor
sem nada
sem tudo
sem pouco
sem água
sem rosto
sem estrelas
sem lua
sem sol
só nuvens
só rosto estranhos
só amor de tropeços
sem zelo
sem cuidado
ao avessos
entre cortes
entre fortes
entre muros
espadas
escudos
Logo após a muralha,
o coração

A fenda


Recolhi velhos poemas
Resgatei camisetas velhas
Vesti uma toga
Segurei um canudo
Nele dizia "emoção"

E num velho túnel sem luz
Incendiei o meu orgulho
Assim via o caminho
Sem lentes ou outras
percepções de isqueiros
de terceiros.

Numa curva derrubei meu lenço
deixei para trás
doeu como quem se despende
do velho berço
E numa criança
sua boneca
o retrato do avesso
a velha à espera
o vento
a vida que passa
sem tropeços
só em finda
velocidade do tempo