quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

23. CABO DE GUERRA

Eu tenho um homem
Ele pode ser o melhor deles
Ele tem um mundo
Eu outro
Ele tem um olhar
Eu outro
Nenhum caminho está errado
São diferentes
Bom pra um...
Ruim pra outro...
Vice-versa
Mas fica o amor no trânsito
Como no meio
Como não se desgruda
Parece brincadeira de corda
Aquela da infância
Em que duas forças
Contrárias batalham
Nenhuma negativas
Nós no meio!
Tentando viver
Permanecer juntos
Mas é inevitável
A corda cede, parece arrebentar
E cada um seguir seu mundo
Um pouco vencido
Um pouco derrotado
Um tanto triste
Um tanto feliz
Pela brincadeira
Pelo tempo naquele meio
Vivido
Pelo acréscimo
Pela amizade
Amor nascido
Eternamente
Presente
Almas!
Encontros!
Gêmeas...
Com compromissos diferentes....

19/02/2009

22. RETORNO


O espírito inquieto
fica em tédio
diante
da falta de cultura

O lado compulsivo
transforma cerveja em vinho
sente a ausência do teatro

Boêmia nata
as noites são mais longas
a espera mais distante
voltar para casa
o verdadeiro lar
é o que quer...

Um mundo mais colorido
O espírito se vê útil
Na sua realidade lúdica

...Retorna para sua tribo
13/02/2009

21. EM ALGUM LUGAR...


Algum lugar longe dos preconceitos
Longe dos antigos conceitos
Algum lugar se renova,
Distante do entendimento
Da razão
Reciclagem

Entre o certo e o errado,
O fim e o começo,
O céu e o inferno,
O bem e o mal,
O finito e infinito...

“Entre” está:
Um novo começo
Uma nova história
.. imparcial.

Um lugar perto da verdade!

Decisões...
06/02/2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

20. CICLO


Foto by Sebastião Salgado
Uma porta
Um mundo aos poucos
Se monta

A casa
A árvore
Raízes

O suor
A enxada
O olhar

O eterno construir
Cada andar
Cada escada
Janela
E portas...

Recomeçar
Plantar,
Colher,
Administrar

Uma porta
Um mundo aos poucos
Se monta...
03/02/2009

19. UM OU UNS

Uma página em branco e muitas idéias.
Um olhar aguçado
Um momento único em vários.

Em tudo, uma novidade,
Um conceito,
Um retrato..
Um movimento,
Uma intenção,
Revolução.

*

E...

E ele chega em casa
E em casa ele se sente
E ele vibra

No chuveiro,
Se sente vivo,
Parece que havia
Esquecido disto

Dorme
Acorda
Com um
Querer mais
Com um
Viver mais

E ele ri,
Chora,
O tempo perdido
&
Comemora
O despertar

Chega em casa
E em casa ele se sente
...vibra,
Comemora,
Agradece
O dia a mais...

Esquece do resto
Para por aí
Envelheceu
Amadureceu
Cresceu

O tempo lhe tem valor
Acorda...
Não quer mais dormir

Trrrrimmmm
É o despertador
Ele vibrou!

26/10/2008

18. CÁ E LÁ


Perguntam,
Aqui e lá:
Como é que vai ficar?

Fazem suposições
Acreditam que a distância
Vai separar

Tentam lá,
Tentam cá,
Desacreditar

Acho que não amam
Nunca amaram...
Talvez um dia
Possam ter a felicidade
De saber...

E dos mesmos questionamentos
Que fazem
Sofrer...

E então perceber ...
O quanto “mala” foram
Um dia!
20/10/2008

17. PALAVRAS

Como dizem: Na vida se encontra pessoas e pessoas!

Algumas se dizem amigas...
Mas se encontram apenas em bares
Outras, em projetos, trabalho, casa, festas e também em bares
Algumas recebem apoio nos piores momentos
As mesmas podem ter a capacidade piorar um pior momento
Algumas se falam todos os dias
Outras falam delas..

Algumas entendem uma situação
Outras debocham
Algumas têm vontade de crescer
Outras nem aceitam quem as tem

Algumas pessoas são capazes de iluminar uma vida
Outras de trazerem sombras e dúvidas
Algumas pessoas falam demais
Outras de menos

Há quem fale na hora certa
Há quem não fale nada
Há quem fale apenas merda
Há quem ria, ache graça
Há quem chore, sofra (por causa disto)
Há quem se incomode
Há quem não ligue
Há quem apenas diga que não

Eis que a boca
Pode ser um lixo
Ou uma floresta de flores
Palavras podem vir de um bêbado
Podem vir do sóbrio..
Mas indiferente...
Podem vir verdades,
Bondades,
Mentiras,
Maldades,
...Elas vem de quem as habita
Eis a única verdade...

É por estas... que se diferencia
Quem quer o bem..
...de...
Quem quer qualquer coisa...


Um ditado popular: "Vale mais a pena ser um sábio calado do que um papagaio mal informado"


20/10/2008

16. ...RETICÊNCIAS


Um tanto cansada
Ao mesmo tempo instigada
Como uma pirata
Descobrindo um mundo novo
Não, não tá lá fora!
Tá dentro:
Livros,
Filmes alternativos,
Filosofia na madrugada,
Um pouco mais de cultura
Sempre mexe comigo!
04/09/2008

15. ONDULADOS



É outro mundo,
Diferente da semana passada,
Onde as loiras devem ter ficado três horas,
Para estarem chapadas,
Literalmente lisas,
sem idéias,
sem nada!
É o efeito da chapinha domesticada.

Os “Shii” estão presentes,
Porque os “presentes” querem silêncio
Para o próximo conto, poesia...
As mesas e cadeiras voltadas para os poetas,
Músicos..
E estamos num bar,
Bebendo cerveja, fumando cigarros
...em silêncio.

A poesia está no fim...
Mas agora deixa marcada,
Diferente da semana passada,
Que há gente interessada,
Ondulada,
“Cheias”, cansadas...
Do vazio do nada!

* Escrito entre uma pausa que outra dos poetas no último dia do Circuito Elétrico da Feira do Livro... Num bar alternativo, um dos poucos que fazem valer o termo "Cidade Cultura" a Santa Maria, porque lá o seus frequentadores refletem isto. Onde, provavelmente, o que se veste não tem tanto valor quanto o que se pensa.

P.S (para esclarecer): Num dia da "semana passada", o circuito elétrico ocorreu em um bar, destes frequentado por um público, "menos alternativo", onde parecia até um desfile de moda. Na mesa, 3 poetas tentavam ler poemas e contos, mas era quase impossível, pois aquele "público" muito bem arrumado, não permitia, não fazia silêncio, não respeitava. Não havia "shii"porque o desinteresse era tamanho. Os poetas tentaram, tentaram, até gritaram. Uma até mudou o tema, falou da sua vida. Mas nada adiantava. Ninguém os escutava. Encerram mais cedo, voltaram para casa. Uma vergonha para uma cidade que se diz cultura e universitária.
16/05/2008

14. A PAZ DOS DUETOS


Há pessoas que ferem querendo educar
Há quem use palavras duras
Há quem ofenda querendo despertar
Há quem grite de fome num urro de raiva
Há quem silencie
Há quem guarde tudo para si
Há quem exploda
Há quem não meça palavras
Há pessoas que não aceitam o diferente
Que querem trazer para si o que não podem
Que desejam interferir onde não devem
Que acabam fracassando por tentar a qualquer custo
Que perderam o limite
Que perdem o respeito
Que passam por cima
Que não perguntam
Apenas afirmam
Há pessoas que interferem na liberdade do outro
Buscando a própria paz
Há duelos e há duetos
Há guerra...
Mas não há amor...
Sem a paz dos duetos!
18/04/2008

13. CRISE CIENTÍFICA



Já não sei se gosto tanto de cinema assim
Já achava trabalho demais fazê-lo,
E agora, pesquisa-lo, então....
Gosto é de vê-lo.

Já não sei se gosto tanto das novas tecnologias,
O mic. da cam. pifou até o velho gravador falhou
Perdi as minhas entrevistas,
Gastei dinheiro em fita, dvds e pilhas

Já não sei se gosto tanto de escrever
Normas, termos, regras, parágrafos, autores
Citar referências, q coisa bem pouco criativa...
É pesquisa

Já não sei se gosto ou não do tema,
Ora paixão, ora desencanto
Trabalho é que tem dado bastante

Até o Word falhou comigo,
Comeu o meu arquivo,
Salvo e sumido

Quem não me deixa desistir
São meus amigos,
pegaram minhas fitas,
Vão trazer transcritas

Não consigo pensar direito
Ter um texto, corpo, desencadeamento
Fechou tudo, bloqueou o pensamento
Busco na prosa o sossego

Esse texto acadêmico quase me mutila
Parece robótico, sem cheiro nem lingüiça
É pesquisa

Documentos, datas,
Histórias passadas
Recontadas

1 mais 1 são 4?
Excesso de ciência, tem conseqüências
Não gosto do exato
Não sou física, matemática
Muito menos quadrado
Não uso óculos escuros
Nem claros

O tempo passa, as horas passam
É primavera, as borboletas namoram
E os passarinhos também,
Todos menos eu,
Que deito e me acabo
Pobre do coitado
Massagem no máximo
(ele não vê a hora de chegar o verão e eu também)

Eis que esse fim de ciclo
Me intimida
Me faz ser mais exigente
Mesmo perdida
Me faz crer e descrer
Improvisar
Refazer
Chorar
Aprender

O que me consome são as normas
Quem consome, os outros
Eu me consolo no meu descanso de tanto consolo exigente
Pedindo espaço
Pedindo presente
Ta feita a prosa e a merda robótica
Quem vai ler...
Vai entender que era pra ser poesia?
12/11/2007

12. EU E OS OUTROS


Há dias e há dias
Às vezes somos razão
Às vezes medo
Às vezes ilusão
Às vezes só conceito

Às vezes criamos algo
Bixo de sete cabeças
Às vezes matamos algo
Destruímos tudo
Mundo

Às vezes olhamos pra trás,
Outras o presente
A gente tenta espiar o futuro
Somos sonhos, planos... Distantes de tudo

Às vezes escrevo bem,
Outras mais ou menos
Às vezes sinto inveja,
Às vezes eu não creio

Às vezes somos egos, orgulho, ambição,
Outras, amor, caridade, compaixão

Às vezes eu perco tudo
Sou criança
Às cresço, amadureço
Adulta?

Às vezes tenho vontade de ir embora
Largar tudo e viver uma aventura
Num outro país, cidade, estado.
Quem sabe...

Às vezes to bonita, outras muito cansada
Feia só dentro de casa.

Às vezes piro na batatinha
Rodo a baiana,
Avalanche,
Ninguém me alcança.

Às vezes eu creio,
Outras desacredito,
Sinto força, sinto medo
Culpa? Nem sei direito

Às vezes sou louca
Vida ou morte
Não me reconheço
Espelho?
Às vezes conversamos a sós

Às vezes sou duas
Às vezes única
Às vezes me pergunto
“Quem sou?”
Ah.. Que dúvida!

Às vezes tenho medo de trilhas
Às vezes quero ficar parada, paradinha
Às vezes tenho que andar
Às vezes preciso me achar!
07/10/2007

11. MULHER DÊS AMADA, PUTA DESALMADA



Tenho pena das mulheres dês amadas
Das que choram por migalhas
Que se humilham por atenção
Submetem-se sem questionar nada
Submissas e às pacas

Tenho pena das mulheres dês amadas
Que antes de si, vêm o outro, num pedestal inalcançável
Que ela mesma criou

Tenho pena das mulheres dês amadas
Idealizam um homem
Rompem o respeito por amores platônicos.
Feito crianças mimadas insistem
Até serem pisoteadas

Tenho pena das mulheres dês amadas
Que se dizem apaixonadas
Deitam-se sem exigir o gozo
Carentes... Logo rejeitadas
“Só mais um corpo, um nome na lista, não era nada”,
Dizem delas, os outros.

Tenho pena das mulheres dês amadas
Que por inveja ou capricho, expõem-se ao ridículo.
Persistem em ser lixo.

Tenho pena das mulheres dês amadas
Que sem amor próprio
Tornam-se putas desalmadas

Tenho pena das putas desalmadas
Não das que vendem o corpo,
Mas das desalmadas que entregam o corpo vendendo a alma

Não tenho pena das mulheres,
Estas amam quando querem e se querem,
Não dispensam o gozo.
Tenho pena das “dês amadas”, “desalmadas”,
Porque estas, embora rejeitadas, insistem em ser “amadas” do seu jeito: sendo esculachadas.

Putas por romperem o respeito
Desalmadas por não encontrarem o espelho
Dês amadas são por si mesmas
Cadê o seu chão?
03/09/2007

10. A ESPERANÇA DO POETA QUE GUARDA



Guarda no peito o poeta
A lamuria,
O choro do artista
A valsa e rima

Guarda no peito o poeta
Uma “coisa” que se acumula
Uma força que imunda
Um ódio que cresce
Uma pétala de margarida

Guarda no peito o poeta
O urro que emudece
A voz que não se escuta
A forma que não se vê
Realidade e fantasia
Guarda no peito o poeta
Seu jeito de ver.

Solta no papel o poeta,
Para quem como ele não vê,
A dor da maioria que finge,
Não sentir, não perceber.

A esperança do poeta é que ao ler,
Eles possam acordar e se reconhecer.
15/05/2007

9. INSÔNIA REAL


Bate O Sono Que Não Chega
Dorme Assustada Desperta
Dança, Fantasia Deslancha...
Passo De Bailarina
Lembranças

Escala Tempo
Pós, Réves
Futuro Em Construção
Mente Geme Como Vulcão

Dorme, Acorda
O Sonho Adormercido
Piscam Os Olhos
Noite, Dia
O Amanhã Foi Ontem

Sono Não Vem...
"Dramim" Salva!
Mente Acelerada
Em Desconstrução

Logo Mais...
Novo Degrau
Sonho Real
Que Cansa...
E Não Descansa!
Presente
Insônia!

19/04/2007

8. EU QUERO A ARTE DO ESPETÁCULO

foto by Melina Guterres

Eu quero...
A ansiedade de um cineasta
A criatividade de um bom músico
A vida corrida de um jornalista
As cores do artista plástico
As emoções de um ator em cena
O passo de uma bailarina
O tom de um violoncelo
O sopro da gaita de boca
A nota “sol” de um piano
A elegância de um saxofone tocando

Ser personagem de uma revista em quadrinhos,
E cair sem me machucar
Ser um desenho de animação,
Poder pegar a cabeça nas mãos.

Também ser...
Um palhaço gozador que dá piruetas pelas ruas,
“O bêbado e o equilibrista”,
O capoeira que joga sem corda e distinção,
Navegar pelo mar à noitinha,
Mergulhar entre os peixes e dar bom dia,
Ver estrelas do mar.

Eu quero ser
Um percussionista no atabaque
Uma dançaria de salsa e tango
Ter o olhar de um diretor de novela das 8
E rir sentada entre amigos num bar de esquina

Ouvir um violão
Cantar uma velha canção
Recordar a criança que fui
Sentir que ela vibra em mim

Pular carnaval mais uma vez em Salvador
E na Barra amanhecer com a certeza de que
“Viver é não ter vergonha de ser feliz...”

Eu quero
Entrar numa música
“Voar” ao compasso da melodia
Ver além do olhar
Fazer cinema nacional e internacional

Eu quero
Pisar num palco com todos os personagens em mim,
Interpretar com paixão, como vulcão em chamas
Aos aplausos, ser música em nota crescente.

Eu quero a calmaria do escritor,
Que mescla letras como se fizesse acorde,
Que cria frases como se pintasse um quadro,
Que faz diálogos como se fizesse teatro,
Que imagina como se fosse cinema,
Que escreve com mãos de escultor,
Que reúne arte em palavras.

Eu quero o espetáculo de todas as artes,
Em meus dias...
Essa paz que cresce em mim quando estou criando
E o sorriso na conclusão!

20/12/2006 20:29

7. A SORTE DE UM FINAL TRANQUILO


Quero a sorte de um final tranqüilo
Onde tudo possa acontecer
Onde não haja medo
Nem perda de tempo....

Quero sorte de um final tranqüilo
Que nem final de filme de cinema
E que amor cure uma vida inteira

Quero a sorte de um final tranqüilo
Com o saber de fruta proibida
Quero uma vida de aventuras
E nenhumas escolhidas

Quero a surpresa, a indignação
Quero a revolta e a pacificação
Quero o novo e inalterável
Quero alterável e o inexplicável
Quero os meus problemas todos na gaveta
Quero viver muito e não me arrepender
Quero um espelho pra me compreender
Quero dançar chula...

Quero reboliço, agitação
Carinho e compreensão
Quero o silêncio e a solidão
Estar despercebido numa multidão

Quero esquecer tudo
Apagar o futuro
Quero um carro, um camelo
Quero uma casa, um novo conceito
Quero amizade e compaixão
Quero ver tudo e não saber de nada
Quero um copo, um prato cheio
Quero o louco e o desprezo
Quero o certo e o duvidoso
Quero gostar de tudo e de só um pouco
Quero ser louco, quero ser poeta
Quero criar um novo.. acorde
Quero escrever todos meus poemas
Quero que meus projetos, dêem certo
Quero plantar qualquer coisa
Quero a caneta e o corretivo
Quero escrever um bom livro
Quero paz mas não a estagnação
Quero alteração, visão
Quero rever tudo, mudar junto
Quero ver em mim crescer um novo país

Eu quero apenas uma garantia que tudo vai dar certo!
E ter a sorte de um final tranqüilo.

18/09/2006 22:20

6. AMOR?


Hoje me perguntaram o que é amor...

Quando já não se trata de um jogo de sedução
Quando já não se trata apenas de paixão
Quando é possível raciocinar sem ser racional

Quando os instintos já tornaram-se nobres
Quando o pão não é tudo
Quando a mão ao fogo não é tudo
Quando a confiança ultrapassa qualquer limite
Quando a razão e a emoção se fundem
Quando o mundo se perde com a mesma capacidade de se encontrar
Quando a ilusão não tem vez com a intuição

Quando o saber está no olhar
E nesse, os segundos pareçam uma vida,
Um raro momento, um reencontro talvez
Poucos minutos, milhares de horas, arranjos, amor?
O que está por trás de um olhar?
De um olhar profundo?
Vidas, amor?

19/07/2006 15:28

5. A RUA TAMBÉM SONHA

Escrito com Clarissa Pippi

Lá vai o menino com sua pipa na mão escrever nos muros da felicidade
Sua paixão
Sua vida vadia de casa em casa sem muito a dizer
Já basta sua imagem, seu pedido por qualquer tostão
E cresce e corre entre os carros, vidrado nas vitrines
Que um dia pensa em poder não apenas olhar
Esse encanto bate na sua porta e ninguém lhe escuta
É só mais um menino na rua, mas ele não desiste de não ser
Cada dia que passa a briga é maior e a resposta de onde vem?
Ele é só mais um...
E quem se importa?
Negro, mulato veste trapos, vive pelas ruas, marginalizado?
As luzes a sua volta brilham mais do que sua presença
Suas lágrimas ninguém vê, seu choro ninguém escuta, seus olhos ...
Sobe no chafariz da praça e canta para esconder a solidão
- menino louco, vadio, desce daí! – diz a mulher que passa
Agora ele já tem um nome e alguém se importa ...
Ri sozinho, gargalhadas tristes saí da água sem casa para voltar
A fome agora é sua maior companheira , e segue cambaleando atrás de sapatos brilhantes
Cinderela da rua, menino de rua, sonha divaga no conto que ouviu de outra menina
Onde ele será que ele deixou de ser um príncipe? Cadê toda aquela magia?
- Em pensamentos sou príncipe, tenho um castelo, brinco com meu cavalo, almoço, janto,
tenho mãe, pai, irmão –
Acorda deitado entre jornais no chão
Pega a pipa, com sorriso no rosto, segue o destino. Pela noite ele teve um sonho bom.
30/06/2006

4. SE HÁ UM CAMINHO


Se há um caminho
talvez a natureza
use seus sinais e
eu escute no canto dos pássaros
a direção

Se há um caminho,
saberei pelo gosto
das águas que percorro

Se há um caminho
talvez eu o veja
com os olhos que
nao podem ver

Se há um caminho
será pelo perfume da primavera
que vou me guiar

Se há um caminho
talvez eu o encontre
no interior da alma
e me perca
em plenitude

04/12/2005 08:00

3. ESTUPIDEZ


Miséria, fome, doença
Tudo na esquina
Ela era da vida
Procurava emprego
Mas quem daria?
Trazia no ventre
O filho de um homem qualquer

Prostituta, vagabunda, puta
Preto, branco, rico,
Pobre, mulher, bixa,
ela atendia

E quando o dia amanhecia
Não tinha lenços
Pra enxugar as lágrimas
de uma noite que
Nem Deus acreditaria

Miséria, fome, doença
Tudo numa vida
País de merda
Por que mataram essa menina?

Ela não tinha 18
Ela não tinha 18
Ela não tinha nem 18 anos!!!

24/11/2005 23:39

2. YEMANJA & OXUM

Para minha mãe Rosana Zucolo

Só tu que conheces esta flor que trago no peito
Só tu que me enxerga num jardim florido
Só tu que sabe quanto o meu mundo é mágico
Só tu que conhece minha alma lúdica
És tu que vê em mim beleza e não vaidade
Que me incentiva a seguir meus sonhos, embora eu nem sempre acredite neles
És tu que me tira do céu, mas não do paraíso que é o meu lar eterno
És tu que me convida a descer a Terra quando estou tempo demais nas nuvens

Ès o teu olhar o mais brilhante quando prospero,
Teu colo o primeiro a sentir quando sofro
E tuas as lágrimas mais lindas quando tentas conter as minhas.
És a tua mão a primeira a se estender quando preciso de três, quatro...
És as tuas palavras as primeiras a me encorajar
Depois de uma tempestade, ou
Uma dura queda

São tuas as primeiras dúvidas quando saio do paraíso
És tu que primeiro me procuras
Quando estou a vagar nos meus umbrais,
Mesmo sabendo do riscos que corres em ficar por lá,
És tu que me faz recordar qual é o meu lugar
Me leva ao fundo do lago (espelho)
Para então eu me
Despertar

És tu que questiona minhas ações,
Quando nem eu mesma me reconheço
És tu que diz, “esta não és tu”
És tu me leva aos parques
E busca na minha criança
A esperança que me faltava

És tu que me reconhece á léguas
E és capaz de navegar o mundo
Para um encontro

És teu o amor
Que me comove
Pois és só tu que me conhece
Em todas fases,
És tu que conhece minha profundidade,
Não maior que a tua
És tu que sabes minha sede de aventura,
És tu que me aguarda em todos os caminhos
És tua a corrente sábia que me guia
E por mais que eu circule, corra,
É nos teus braços abertos,
O encontro mais importante,
Das águas doces com as do mar.



24/11/2005 05:59


1. CADÊ O ARTISTA?


Um diálogo entre o jornalista e o artista

Jornalista
Cadê o ato?
Cadê a cena?
Cadê as personagens?
Cadê o teatro?
Cadê a música?
O dançarino?
O palhaço?
Cadê o cenário?
Cadê o músico?
O palco?
O rádio?
Onde está a televisão?
Onde está o cinema?
Cadê a sinceridade?
A emoção?
O sentimento?
A alma?
O público?
A verdade?
Cadê a senhora que chora?
O padre que condena?
O moço que solta gargalhadas?
Cadê, Cadê, Cadê a alegria e a tristeza?
O circo,
A fantasia,
A criatividade,
Cadê o espetáculo?
O teatro está vazio!
Cadê o artista?

Artista
Estou aqui
Escondido,
Esquecido,
Desvalorizado,
Desmoralizado,
Tudo “zado”,
U-sado.
Quem paga mais?
Leiloado!
Não vou ao teatro
Não tenho “tempo”,
Estou fora do pedaço,
Não me condeno,
Guardo os meus sonhos,
Busco um emprego
Por onde andarão os meus colegas?

Jornalista
Entenda sou quem questiona,
Você quem responde.
Sou quem procura,
Você quem encontra.
Sou o homem,
Você o espelho...
Mas e a minha, a nossa, a vossa, a sua, imagem no banheiro, cadê?

Artista
Quem é você?
O que você quer?

Jornalista
Sou a dúvida
A curiosidade
Aquele que busca
E instiga a verdade....

Artista
Já sei você é o bilheteiro do teatro,
Aquele que perdeu o emprego?

Jornalista
Antes fosse
Mas agora já é tarde
Sou quem vê e registra
Sou quem implora compaixão,
Caridade e tem sede de justiça!
Sou o olho, a voz,
O ouvido, a boca
Do povo.
Sou a verdade
Sou a mentira,
A vaidade.
Sorrio, choro
Esqueço, apago
Tudo no final
Da tarde.
Sou quem conhece a verdade,
A verdadeira realidade.
Não sou mito,
Nem fantasia,
Sou jornalista.
E por isso hoje eu grito:
Quanta falta faz um artista!!!!
03/05/2005