segunda-feira, 4 de abril de 2016

Manter a canção

E
Num súbito olhar
Engolia o mundo
Desafinava o tom
Andava
Com a mão no peito
Esquerda a de sempre
Sem realengos
Se perderam os outros
Que tentaram fazer "direito"
E na curva sempre igual
Desviaram percussos
Não mantiveram a mão do lado esquerdo
Exceto no espelho
Igual a tantos que perderam o sonho,
Roubando a si mesmo
Não são infiéis,
Não sabem da fé...
Imitam para cristão vê,
Sem saber que "Deus" que é.

Sudeste
Mas em outras curvas,
A rua,
E na quase esquina,
A batida de pé,
Cabelos brancos,
Um compasso maior
Uma curva musical
Uma esfera familiar
E a fidelidade
O tempo passava, amigos partiam
Ele em missão, pedia silêncio
A canção era pra ser ouvida.
Em seu bar, músicos e frequentadores vibravam na canção.

Outro dia, outro ser,
Sua begala, o tempo.
Sua fala, sua paixão, 
Quem entregou o corpo a nação, contava à multidão, a canção.

Um livro derramado
Em mil braços,
Poetas e escritores tornavam bela a canção.

Do sopro do charuto,
a inspiração, entre películas
Produtores e cineastas
Mostravam a canção,

E o humor parecia sério, 
O sorriso por um acorde,
Humoristas satirizavam a falta da canção.

A máscara caia no teatro
De quem o torna solo sagrado.
E nas redes, em teias,
E numa voz que se alimenta,
Atores, diretores encenavam a canção.

Entre arte e religiosidade,  
no suor do povo escravo,
Denunciava ela a
Discriminação à canção 

Centro-oeste
Olhos verdes,
De alma vermelha,
Vivendo numa aldeia,
Lutando pela sobrevivência alheia,
Branco e índio
Cantavam a canção. 

Sul
Uniforme branco,
Liderando
Aos de 90 anos,
A umbandista,
Mantinha a canção 

Nordeste
Sua vaidade era pequena,
Seus cabelos longos,
Sua Igreja de pé, seu passado, aprendizado,
A pastora orava a canção.

Norte
E com a vida nos braços,
O descontamento em laço,
Esbravejava aos homens,  às mulheres da canção

Exterior
E ele do outro lado do mundo, 
Lutava contra própria ilusão,  
Dizia sempre "gratidão" zelando a canção.


Dentro e agora
Pulsa!
Sem partido e ilusões,
de tanto ouvir,
Aprendeu a sentir 
A canção 
Casou de eterno
Com os sábias 

E ela que engolia tudo que via,
recolhia histórias, 
Abrigava o estranho,
Velho e o novo,
Passado, presente, futuro
Contava moedas
Pegava o metrô, 
E no centro gritava:
Democracia
PARA Jamais esquecer da canção


P.S: Inspirado em pessoas reais


6 comentários:

Aldema disse...

Texto sensível e agradável de ler.Beijo

melina disse...

obrigada!!!!!! bjooo

põ’í-bang disse...

Lindo poema! A canção em cada canto!

põ’í-bang disse...

Lindo poema! A canção em cada canto!

Luiz Alberto disse...

Tocou-me particularmente. Conheço tantos e tantas assim... Moços, maduros,velhos...sempre fiéis à sua canção,que é também de muitos. É do vento,da brisa,do luar,dos raios de sol. É da linda menina Melina..
Eu te amo guria. Teu lado poeta és tu inteira!

melina disse...

Luiz Alberto!!! Salve!!! Lindo! Tu faz parte da inspiraçao! amo-te! bjooo